Rabo de Arraia é um golpe de capoeira em que o capoeirista inverte seu eixo ao esticar a perna atingindo o coração do outro jogador. Esta metáfora representa bem o âmago do álbum "Rabo de Arraia" (independente), a ser lançado pelo Antonio Guerra Trio no dia 5 de outubro, em show na Sala Cecília Meireles.
"Buscamos olhar o mundo sob outro eixo, como na capoeira, onde o cruzamento entre linguagens e estilos musicais se dá com uma liberdade de criança, através da intuição e da sonoridade do piano, baixo e bateria. Rabo de Arraia apresenta um Brasil, terra de múltiplas raízes, expressado aqui em sua tradição, na diversidade dos ritmos populares e, como inovação, mesclando referências do jazz, do soul, da música clássica e até do oriente, para olharmos novamente para dentro. Guiados pela sinestesia acústica do trio e pela emoção, os temas se desdobram em improvisos, com os quais Antonio nos conta estórias, afetos e lendas", conta Guerra.
O pianista convidou Guto Wirtti, baixista preciso e com brilho próprio, e Cassius Theperson, um daqueles bateristas que surpreendem, para formar o trio, que expressa as composições de Antonio explorando esta formação tão consagrada e também expansiva em suas possibilidades quase infinitas. Drive de fotos aqui.
“Rabo de Arraia” já teve um primeiro single, “Angela Pralinni”, lançado nas plataformas digitais (escute aqui) e, aos poucos, outras faixas do disco chegarão ao streaming. Mas, por enquanto, quem quiser ouvir logo o álbum completo, poderá encontrá-lo disponível para venda no site oficial do artista, por R$29.90. É possível, também, comprar as faixas de forma avulsa, por R$2,90 cada. www.antonioguerratrio.com
Uma estrela cadente riscou o céu
"Rabo de Arraia" abre com "Cadente", inspirada por uma estrela cadente que Antonio viu riscar o céu pouco depois da partida do seu grande amigo e músico Chico Oliveira. "Virou uma singela homenagem, expressando a estrela que Chico se tornou para nós, os amigos", conta. A faixa seguinte, "Indonésia" nasceu em uma ilha selvagem em Grajagan Island, no arquipélago indonésio, onde ele celebrou junto ao povo nativo suas divindades hindus, e apresentou as canções brasileiras.
Depois é a vez de "Brigas de Amor", um samba quente, terreno, profano, na dialética dos casais que se amam e brigam e amam novamente, numa reverência à complexidade do amor. "A percussão de André Siqueira ilumina o trio com convicção, swing e ternura", pontua o pianista.
Já "Baile de Yuresko" foi composto para o saxofonista Yuri Villar, parceiro de Antonio no Bondesom, lembrando as festas no Largo de São Francisco, na Prainha, onde o grupo costumava tocar para 3 mil pessoas.
Parceiro de Antonio no disco de duo: "Coração Brasileiro", o trompetista Silvério Pontes é homenageado em "Lágrimas de Ouro". Essa balada jazz sob o canto de um choro-canção evoca a ternura e profundidade da expressividade de Silvério, que leva milhares de pessoas às rodas de choro da cidade carioca, ambiente de troca entre todas as vertentes da sociedade carioca.
Chega-se, então, na faixa-título do trabalho, “Rabo de Arraia”, malemolente como um samba que nos convida a sair pelas ruas do Rio de Janeiro, ambiente de rica troca entre pretos, índios e brancos. Uma ode à mistura que torna o Brasil o país de um futuro possível, apesar de sua grande tensão social. A percussão de André Siqueira ilumina o trio com sua convicção, swing e ternura.
O disco segue no pique em "Olinda”, um típico frevo do Carnaval de Recife, com as suas big bands subindo e descendo as ladeiras de Olinda, inspirando um piano percussivo e sonoro. Depois, vem a calmaria de "Sorte Grande", composta após um show que Antonio fez com o mestre Guinga, a quem ele dedica a valsa.
"Arara Azul", a penúltima composição, sugere um voo da ave que está em extinção no nosso Pantanal ameaçado. Para esta faixa o rock and roll é sugerido pelo trio de jazz e interferido por timbres eletrônicos, trazendo uma surpreendente sonoridade ao disco. "Os sons primitivos guiam a faixa que se utiliza de cantos das cavernas e uma sonoridade de trio grave, culminando em um grande solo, que seria o lindo vôo da arara", explica Antonio Guerra, carioca de 36 anos, que também está prestes a estrear um duo com o renomado saxofonista Nivaldo Ornellas. Atualmente, é o diretor musical do espetáculo "Escândalo", do humorista Rafael Infante.
Para fechar o disco, todos os instrumentos foram direcionados para uma personagem de Clarice Lispector: Angela Pralini, de "Um Sopro de Vida - Pulsações", o último romance de Clarice, publicado em 1978, meses depois de sua partida. "A liberdade de Angela surge em sua máxima potência, rompendo a própria formação do disco, trazendo a força do coro feminino e do diálogo entre as percussões afro-brasileiras, comandadas por André Siqueira, e orientais, a cargo do derbak de Rony Barack", pontua.
Antonio Guerra em poucas linhas
Como pianista, acordeonista e arranjador, o nome de Antonio Guerra já dividiu os letreiros com artistas marcantes como: Elza Soares, Jorge Ben Jor, Martinho da Vila, Mart'nália, Rubel, Silvério Pontes e Nivaldo Ornellas foram alguns deles. Como dono dos rumos de sua música, já lançou os álbuns "Movimentos" (2015, quando ganhou o Prêmio Mimo Instrumental); "Coração Brasileiro" (2018, ao lado do célebre trompetista Silvério Pontes) e "Antonio Guerra Sexteto" (2020, junto dos incríveis Joana Queiroz, Aquiles Moraes, Antonio Neves, Ivan Machado e Thiago da Serrinha). Índia, Japão, Itália, Portugal, Inglaterra, Dinamarca e Urugauai foram alguns dos países que conheceu a bordo de suas composições.
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